G20 no Brasil
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Por Mônica Magnavita — Para o Valor, do Rio


Luciana Costa, do BNDES: banco quer ajudar a consolidar parques de geração eólica e solar e já aportou R$ 163 bi em projetos de energia renovável — Foto: Divulgação
Luciana Costa, do BNDES: banco quer ajudar a consolidar parques de geração eólica e solar e já aportou R$ 163 bi em projetos de energia renovável — Foto: Divulgação

A COP28 terminou com o compromisso assumido por cerca de 200 países de triplicarem a capacidade global de energia renovável até 2030, o que significa atingir 11 terawatts em menos de sete anos. A meta da transição energética, fator essencial para reduzir emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030 em comparação a 2019, demanda, na visão de especialistas, apoio político, investimento em grande escala e acesso dos países emergentes a fontes de recursos adequados.

Bancos de desenvolvimento e multilaterais ganham papel de destaque como agentes catalisadores de recursos privados, hoje concentrados em poucos e ricos mercados. Nesse contexto, o novo papel das instituições de fomento entrou na agenda de prioridades do Brasil em 2024, ano em que o país preside o G20.

Os esforços dos grupos de transição do G20 rumo às metas de descarbonização de setores estão concentrados na ampliação das fontes de financiamento, democratização do acesso ao crédito e adoção de novos mecanismos de apoio. Hoje, 85% do investimento global em energias renováveis beneficiam menos de 50% da população mundial. A África, por exemplo, foi responsável por 1% da capacidade adicional de energia limpa em 2022 e abriga mais de 560 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade.

Há avanços, mas insuficientes, diz Juliano Assunção diretor executivo do Climate Policy Initiative, da PUC-Rio. Os investimentos em transição energética, de US$ 1,8 trilhão em 2023, foram recorde, segundo a Agência Internacional de Energia, mas ainda estão longe dos US$ 4,8 trilhões necessários até 2030 para o setor atingir emissões líquidas zero.

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É nesse contexto que as reformas de bancos multilaterais ganharam prioridade no G20, já que são capazes de garantir apoio aos países menos atrativos para recursos privados. Entre os itens da agenda do grupo de finanças consta a adoção ou ampliação, pelos bancos multilaterais, de mecanismos de-risking (limitação da exposição), por meio de instrumentos capazes de mitigar o risco dos projetos, reduzindo o custo de capital para o investidor.

“O G20 está tratando esse tema como uma das potenciais proposições que trará em novembro, no encerramento dos trabalhos”, diz Luiz Assis, sócio da área de financial advisor da Deloitte. As discussões sobre o novo papel dos bancos multilaterais não visam apenas ampliar recursos para financiamento, mas garantir que essas instituições atuem mais para alavancar capital privado.

“Podem ajudar a viabilizar projetos no início, onde há maior risco. Quando já estiverem em andamento, emitirão bonds para diminuírem a participação. Conseguirão com o mesmo capital desenvolver mais projetos”, diz Assis. Outros instrumentos são os de garantias de performance, blended finance (que une recursos públicos, de fomento e capital privado) e hedge cambial, nos moldes do Eco Invest, programa do governo que incentiva a entrada de capital estrangeiro no país para investimentos na transição energética.

O BID vem atuando nessa direção. “O financiamento para transição não pode vir só do setor público e de bancos multilaterais. Boa parte terá de vir do setor privado, com participação de investidores institucionais. O BID é um catalisador para gerar escala e impacto”, diz Marcelino Madrigal, chefe da divisão de energia do BID.

Financiamento não pode vir só do setor público e de bancos multilaterais. Parte terá de vir do setor privado”
— Marcelino Madrigal

O Brasil tem credenciais para liderar o tema, com o BNDES servindo de modelo na consolidação dos parques de geração eólica e solar. O banco aportou R$ 163 bilhões em projetos de energia renovável, equivalentes a 67,3 GW. “No mundo, 65% das emissões vem do setor energético, no Brasil são 18%. Temos essa matriz mais limpa porque o BNDES participou do financiamento de todas as rotas tecnológicas”, diz Luciana Costa, diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do banco. Segundo ela, a estimativa de investimentos globais em energia limpa para 2024 é de cerca de US$ 2 trilhões, superior ao U$$ 1,2 trilhão previsto para os combustíveis fósseis. A maior parte irá para China, Europa, Índia e EUA.

“Há um gap grande de investimentos para América Latina e África. O Brasil não enfrenta esse problema. Conseguimos atrair funding para investimentos em energia renovável porque não ficamos dependentes de recursos externos e nem de outros bancos de fomento”, diz. Na etapa rumo à descarbonização do setor, o papel do banco, segundo Costa, é de manter sua relevância no fomento a projetos de combustíveis de baixa emissão de CO2, como diesel verde (HVO), combustível sustentável de aviação (SAF) e biobunker (motores de navio), além do hidrogênio verde, que tem na energia 70% de seu custo.

“Vamos financiar os primeiros projetos de hidrogênio verde e via equity em alguns projetos, por meio da BNDESpar, que tem como estratégia a transição energética, climática e economia circular”, diz Costa. A atuação será via fundos, com possível participação direta no futuro.

Hoje, o instrumento mais relevante do banco para o setor é o Fundo Clima, que conta com R$ 32 bilhões, dos quais R$ 28,3 bilhões para projetos de energia de baixo carbono. Parte disso tem como origem a linha de crédito assinada entre BNDES e BID no ano passado. Também em 2023, as duas instituições lançaram a Coalizão Verde, para promover iniciativas ao desenvolvimento sustentável na região amazônica.

O BID possui projetos de transição energética de US$ 3,9 bilhões, com alocação anual US$ 1 bilhão. Entre 2015 e 2022, as regiões da América Latina e do Caribe ampliaram sua capacidade renovável em 51%, atingindo 64% de geração a partir de fontes renováveis. O ritmo deve acelerar, já que a previsão é de aumento da demanda por energia a uma média anual de 2,3% entre 2022 e 2050.

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