Diagnóstico da energia na Amazônia reforça a transição energética como caminho para melhorar a qualidade de vida da população local e reduzir os impactos ambientais e os custos de geração.
Rio de Janeiro, 30 de janeiro de 2023 – A Amazônia Legal desempenha um papel fundamental na geração de energia renovável no Brasil. Quatro das cinco principais usinas hidrelétricas do país estão localizadas na região. Apesar da Amazônia Legal gerar mais de 27% da energia elétrica nacional, mais de três milhões de pessoas da região ainda são abastecidas com combustível fóssil.
O Climate Policy Initiave/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CPI/PUC-Rio) apresenta um diagnóstico inédito sobre o setor energético na Amazônia Legal. Em parceria com o Data Zoom Amazônia, o CPI/PUC-Rio compilou e analisou dados sobre a energia na Amazônia em uma plataforma interativa e acessível, democratizando o acesso.
“A integração de dados permite que diferentes indicadores sejam analisados em uma mesma plataforma e possibilita uma compreensão ampla sobre a complexidade do setor na Amazônia, o que é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas de qualidade”, afirma Amanda Schutze, coordenadora de avaliação de política pública com foco em energia do CPI/PUC-Rio.
Para as pesquisadoras do CPI/PUC-Rio, o diagnóstico de energia da Amazônia tem três aspectos cruciais: a exportação de energia limpa para o Brasil, a geração de energia elétrica via combustível fóssil para parte da população local e o avanço da geração distribuída.
Na última década, a geração de energia na região mais que dobrou, enquanto no restante do Brasil, houve aumento de apenas 2% no mesmo período. A participação da população da Amazônia no consumo de energia nacional, entretanto, manteve-se constante em torno de 11%. “O aumento da capacidade de geração de eletricidade não está beneficiando a população local. Mais de 14% da população amazônica não tem acesso à energia gerada no Sistema Interligado Nacional (SIN)”, explica Rhayana Holz, analista de energia do CPI/PUC-Rio. O SIN é um sistema de produção e transmissão de energia elétrica, que liga as usinas aos consumidores ao redor do país.
Apesar de exportar energia renovável para todo o país, mais de três milhões de pessoas da Amazônia são abastecidas por usinas termelétricas locais em Sistemas Isolados (SIs), não conectadas ao SIN. Essas usinas utilizam combustível fóssil, poluente e caro. Embora o consumo de SIs corresponda a apenas 0,6% do consumo total no país, a emissão de gases de efeito estufa (GEE) corresponde a cerca de 10% do emitido pelo SIN.
Gerar energia nos Sistemas Isolados é mais caro em relação ao SIN, devido ao custo do combustível e à logística de transporte e abastecimento. O valor adicional é pago pelo consumidor brasileiro, através de encargo na conta de luz. O custo triplicou entre 2013 e 2021. “Em 2013, o encargo foi de R$ 700,00 para cada MWh de consumo nos SIs. Já em 2022, esse número foi de cerca de R$ 4.000,00. A Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) teve orçamento previsto de R$12 bilhões para 2022.”, afirma Rhayana Holz.
Para reduzir a utilização do combustível fóssil na geração de eletricidade, as pesquisadoras recomendam o crescimento da geração distribuída na Amazônia Legal, quer dizer, da geração de energia na própria unidade de consumo. Os consumidores brasileiros podem gerar sua própria eletricidade a partir de fontes renováveis e fornecer o excedente para as redes de distribuição na sua localidade. Isso seria benéfico principalmente nos estados Amazonas e Roraima, que representam 85% da geração total de energia necessária para os atendimentos dos Sistemas Isolados.
Para Amanda Schutze, é importante acelerar a transição energética na Amazônia através de políticas públicas específicas para a região. “Precisamos interligar a região atendida por um Sistema Isolado ao SIN, aumentar a participação de fontes renováveis na geração de energia em regiões em que a interconexão não é uma opção e aumentar a geração distribuída na Amazônia Legal”.
Acesse a publicação completa: bit.ly/DataZoomAMZ
Sobre o CPI
Desde 2009, o CPI atua na análise de políticas públicas e finanças, contribuindo para que governos, empresas e instituições financeiras possam impulsionar o crescimento econômico, enquanto enfrentam mudanças do clima. O CPI possui seis escritórios ao redor do mundo e, no Brasil, está vinculado a PUC-Rio.
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