Seca prolongada aumenta perdas na produção e desigualdades sociais na Caatinga.
O novo estudo do Climate Policy Initiative/Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CPI/PUC-Rio) identifica que os agricultores familiares da Caatinga são os mais expostos ao risco climático. Os municípios com maior presença de agricultores familiares tiveram as maiores perdas de produção nas últimas três décadas.
“Precisamos avançar na agenda de adaptação às mudanças climáticas. Identificamos consequências para a população da Caatinga a curto e a longo prazo, afetando a produtividade agropecuária e os indicadores socioeconômicos de uma região historicamente mais vulnerável do ponto de vista socioeconômico e mais exposta ao risco climático.”, explica Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio.
Para medir o impacto do risco climático aos produtores rurais da Caatinga, os pesquisadores analisaram a produtividade das principais atividades exercidas pelos agricultores familiares: pecuária (51%) e lavoura temporária (38%). Na contramão dos demais biomas, não houve tendência de aumento na produtividade do feijão e milho na Caatinga nas últimas décadas. Na pecuária, houve ainda uma queda de produtividade.
O volume de chuvas na Caatinga é 39% menor que nos demais biomas, e o processo de desertificação já está em curso em 12,8% do semiárido brasileiro. As mudanças climáticas estão tornando os locais com maior déficit hídrico ainda mais secos e impactando de modo mais severo a produtividade da Caatinga.
O aumento da seca provoca uma queda maior na produtividade do feijão (16%) e do milho (35%) na Caatinga, em comparação com os demais biomas (6% e 16%, respectivamente). No caso da pecuária, a queda de 9% na produtividade da Caatinga se contrapõe ao aumento de 1% nos demais biomas.
A perda de produtividade decorrente da seca é ainda maior nos municípios em que a agricultura familiar ocupa mais de 90% da área rural, quando comparado com municípios com pouca presença de agricultura familiar. A pecuária apresentou perda de 12%, o feijão de 15% e o milho de 32% na produtividade.
O estudo demonstrou também que o aumento da seca pode agravar os indicadores socioeconômicos, aumentando os níveis de pobreza, a desigualdade de renda, o número de pessoas em situação de pobreza, a mortalidade infantil, a taxa de desemprego e de atraso escolar.
“A vulnerabilidade social precisa ser incorporada no desenho de políticas públicas para esses produtores. Aumentar a resiliência dos produtores é central para alcançar uma agropecuária sustentável e fazer com que as secas afetem menos a produtividade, como já acontece nos demais biomas.”, afirma a pesquisadora Amanda de Albuquerque.
Acesse o estudo: bit.ly/RiscoClimaticoCaatinga
Sobre o CPI/PUC-Rio
O CPI é uma organização com experiência internacional em análise de políticas públicas e finanças, que possui seis escritórios ao redor do mundo. No Brasil, é afiliado à PUC-Rio. O CPI/PUC-Rio apoia políticas públicas climáticas no país, através de análises baseadas em evidência e parcerias estratégicas com membros do governo e da sociedade civil.
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