Nos últimos anos, a mudança climática se tornou uma agenda prioritária para o setor financeiro. O clima foi integrado como um fator de risco nos investimentos, ao mesmo tempo em que se intensificou a busca por oportunidades e recursos para apoiar a transição para uma economia net-zero (zero emissões líquidas de carbono).
Por meio de diversas iniciativas como forças tarefas e coalizões, investidores, bancos centrais, reguladores, entre outros atores têm buscado estratégias para mobilizar recursos que estejam alinhados ao objetivo do Acordo de Paris. Estabelecido em 2015, os países signatários concordaram em adotar medidas para manter o aumento na temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação à era pré-industrial, além de estabelecer esforços para limitar esse aumento a 1,5°C, o que exige investimentos significativos.
No cenário atual de aceleração das mudanças climáticas, alinhar fluxos financeiros aos objetivos climáticos é um desafio. Para o Brasil, a proteção de florestas e ativos naturais é essencial para redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), e por isso deve estar associada a atração de investimento e ao desenvolvimento econômico do país. O País tem um vasto potencial para alavancar as práticas de manejo florestal, agrícola e de recursos naturais alinhadas a proteção das florestas.
À medida que a disponibilidade de recursos públicos cai, para que o Brasil alcance plenamente seu potencial, será necessário não apenas um redirecionamento dos recursos existentes, mas também significativa mobilização de recursos adicionais, em especial do setor privado. Nesse contexto, os fluxos de financiamento climático podem acelerar a melhoria da produtividade mobilizando investimentos que promovam a conservação e se alinhem aos objetivos climáticos.
O financiamento climático visa reduzir as emissões, aumentar a resiliência dos sistemas humanos e ecológicos ao impacto adverso das mudanças climáticas e pode servir como um instrumento para reduzir emissões brasileiras. Esses fluxos financeiros podem ser de fontes públicas ou privadas, nacionais ou internacionais e transacionados por diversos instrumentos como empréstimos, doações, títulos privados, orçamento público e seguros, entre tantas outras possibilidades.
Para o uso eficiente desses recursos e desenho de instrumentos financeiros que atendam às necessidades do Brasil, é fundamental entender quais tipos de investimentos, políticas e mecanismos financeiros estão sendo usados, e como podem ser aprimorados para impulsionar a transição do país para uma economia zero carbono. O acesso confiável à dados e transparência na destinação dos recursos financeiros serão cruciais para o desenvolvimento de um ecossistema robusto de financiamento climático no Brasil, especialmente para ampliar os investimentos para atividades que contribuam para mitigação e adaptação as mudanças do clima.