O setor de energia é responsável por 76% das emissões globais de gases de efeito estufa. No Brasil, o principal responsável é o setor de mudança de uso da terra e florestas (44%), seguido do setor agropecuário (28%) e somente depois energia (19%).[1] Enquanto o país possuía quase 50% da sua matriz energética renovável, o mundo possuía apenas 14% em 2019.[2] Assim, à medida que o mundo se afasta dos combustíveis baseados em carbono, o Brasil ocupa uma posição invejável, tendo vantagem na direção da descarbonização.
Com a abundância de recursos naturais, o Brasil tem o potencial de ser um líder na transição energética e aproveitar a oportunidade em direção a um crescimento econômico verde com atração de investimento para energias renováveis. O alinhamento do país com o consenso internacional quanto à ambição climática pode atrair financiamento internacional e acordos comerciais. Além disso, os usos diretos das fontes renováveis e o hidrogênio verde irão contribuir para a descarbonização dos setores de transportes, edificações e indústrias. O hidrogênio verde, em especial, pode ser usado tanto como combustível quanto solução de armazenamento. Pode, inclusive, fazer com que o país seja exportador de energia renovável para o mundo.
Contudo, para que a transição energética de fato aconteça, é necessário maior eficiência energética, ampliação da matriz elétrica com fontes renováveis e uso de energia renovável para substituir combustíveis fósseis na indústria e no transporte. Para que isso ocorra, é fundamental aprimorar a regulação para a entrada das novas tecnologias e para o correto incentivo de redução de combustíveis fósseis e aumento das renováveis. É essencial, também, que o Brasil não implemente mais políticas favoráveis a combustíveis fósseis, e sim desenvolva políticas públicas para estimular a transição energética.
O Brasil, portanto, possui uma enorme abundância de recursos naturais e um extraordinário potencial na direção da descarbonização e de um crescimento econômico verde. Porém, o país enfrenta desafios para completar a transição para um sistema completamente renovável. É necessário um planejamento de longo prazo e uma política específica para transição energética no Brasil para o desenvolvimento de um ambiente sustentável. Isso irá estimular a adoção e desenvolvimento de novas tecnologias, o acesso a financiamento e irá gerar mudança na produção, emprego e renda com base na energia limpa e renovável.
[1] Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Tendências e Incertezas da Transição Energética no caso brasileiro. Rio de Janeiro: 2021. bit.ly/3t18z23.
[2] Empresa de Pesquisa Energética. ACBDEnergia. 2018. bit.ly/3wVxvue.