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Produtos da biodiversidade financiados pelo crédito rural recebem apenas 2% do valor destinado à soja entre 2021 e 2023. 

O novo estudo do Climate Policy Initiative/PUC-Rio (CPI/PUC-Rio) apresenta um mapeamento inédito dos fluxos financeiros destinados à bioeconomia no Brasil entre 2021 e 2023. Nesse período, o financiamento para a bioeconomia teve uma média anual de R$16,6 milhões.  

Os setores de floresta plantada e de bioenergia e biocombustíveis receberam 74% do financiamento do período. Setores estratégicos, como produtos oriundos da biodiversidade brasileira e da floresta nativa, receberam, juntos, somente 15% dos recursos mapeados e representam um desafio de financiamento. 

“A bioeconomia é peça fundamental para avançarmos para uma economia justa, resiliente e de baixo carbono. É preciso aumentar a mobilização de recursos públicos e privados em larga escala e desenhar estratégias de investimento mais efetivas para fomentar soluções inovadoras de financiamento.”, diz Joana Chiavari, diretora de pesquisa do CPI/PUC-Rio. 

Nota: Os valores referem-se à média, em bilhões de reais, para o valor agregado dos fluxos financeiros no período analisado, corrigidos pelo IPCA, tendo como referência dezembro de 2023.
Fonte: CPI/PUC-Rio com base nos dados do Sicor/BCB, Siop/MPO, Mapa, SES/Susep, MMA, BNDES, MME, B3, NINT, OCDE-DAC, BID, Banco Mundial, GEF, GIZ, Norad, 2024

A maior parte do financiamento para bioeconomia (96%) provém de fontes domésticas, sendo as fontes privadas domésticas responsáveis por 69% do financiamento. Grande parte desses recursos foram direcionados por políticas públicas, como o crédito rural e os Créditos de Descarbonização (CBIOs), que representam 31% do financiamento.  

O crédito rural canalizou R$3,8 bilhões/ano, aparecendo como o segundo instrumento financeiro mais relevante. Entre 2021 e 2023, 99% dos recursos oriundos do crédito rural foram destinados para produtos de biodiversidade.  

Chiavari destaca uma discrepância entre os produtos financiados: “O crédito rural é um instrumento financeiro relevante para a bioeconomia no Brasil, mas o financiamento para produtos da biodiversidade via crédito rural equivale a apenas 2% do valor destinado para a soja entre 2021 e 2023.”, afirma Chiavari. Enquanto a soja recebeu R$ 84,4 bilhões/ano, produtos da biodiversidade canalizaram somente R$1,4 bilhão/ano. 

Como principal instrumento financeiro, o estudo identificou os títulos temáticos, que captaram R$6,4 bilhões/ano. Títulos temáticos e CBIOs representam 56% do financiamento, mas são utilizados exclusivamente para setores de floresta plantada e de bioenergia e biocombustíveis. 

Somente 4% proveio de recursos internacionais, especialmente de governos internacionais e fundos climáticos. Tais recursos foram a principal fonte de investimento no setor de florestas nativas. 
 
Para os autores do estudo, o mapeamento do financiamento de bioeconomia é fundamental para acompanhar a evolução dos recursos, avaliar se o crescimento está alinhado com a Estratégia Nacional de Bioeconomia, identificar lacunas de financiamento e, a partir daí, desenhar estratégias de investimento mais efetivas. O estudo destaca que é possível ampliar o financiamento para setores estratégicos da bioeconomia, que ainda estão subfinanciados. 

Sobre o CPI/PUC-Rio 
O Climate Policy Initiative (CPI) é uma organização com experiência internacional em análise de políticas públicas e finanças, que possui sete escritórios ao redor do mundo. No Brasil, é afiliado à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O CPI/PUC-Rio atua no aprimoramento de políticas públicas e financiamento climático no Brasil através de análises baseadas em evidência e de parcerias estratégicas com membros do governo, da sociedade civil, do setor privado e de instituições financeiras. 
 
Para mais informações, entre em contato com
Camila Calado Lima 
camila.lima@cpiglobal.org 
(86) 99966-0560

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