A construção de novas usinas hidrelétricas (UHEs) é tema frequente de debates que não se limitam à questão da geração de energia. Por um lado, elas são associadas a custos ambientais e sociais, tais como desmatamento e crescimento urbano desordenado. Por outro lado, são vistas como um impulsionador do desenvolvimento local, estimulando emprego, renda e receitas municipais.
Muitas vezes, a discussão é baseada em exemplos polêmicos. Ainda que esses casos emblemáticos sejam importantes para ilustrar os impactos da construção de uma hidrelétrica, são poucas as análises sobre os efeitos locais dessas obras. Um melhor entendimento sobre esses efeitos é necessário para que tomadores de decisão, nas esferas nacional e local, decidam da melhor forma sobre a construção e localização de novas usinas, garantindo desenvolvimento econômico sem desconsiderar direitos sociais e ambientais.
Este documento resume um estudo realizado pelo Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio/ Climate Policy Initiative (NAPC/ CPI), através do projeto INPUT e em cooperação com o BNDES, que avalia os efeitos locais da construção de usinas hidrelétricas a partir de indicadores como economia local e contas municipais. Foram analisados 82 municípios, distribuídos em 13 estados, que tiveram área alagada por uma hidrelétrica cuja construção se iniciou entre 2002 e 2011.
O impacto econômico gerado pelas usinas hidrelétricas em suas áreas de entorno varia bastante, mas, na média, os resultados mostram que, nos municípios onde as usinas foram construídas, os efeitos positivos e negativos são de curto prazo. O crescimento econômico que ocorre durante os dois ou três primeiros anos após o início da obra tende a se dissipar depois de cinco ou seis anos, o que geralmente coincide com o fim da construção.
Entretanto, os pesquisadores indicam uma variação grande entre os municípios após o fim das obras, com efeitos muito diversos. Enquanto alguns municípios mantêm melhorias econômicas, outros apresentam perdas. Essa variação reforça o cuidado que é preciso ter ao formular conclusões acerca do impacto da construção de UHEs e realça o benefício de analisar as usinas caso a caso.